sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Iluminado

A primeira vez que vi esse filme, ainda era uma criança. Na época não consegui guardar todo o filme, mas algumas imagens me perseguiam, como a das menininhas no corredor, a velha na banheira o sangue que saia dos elevadores.
Na minha infância, morei em uma casa antiga, do final do século XIX. O banheiro tinha uma enorme banheira (enorme pra mim, na época) que era fechada por uma cortina. Confesso que, depois de ver "O Iluminado", sempre batia na cortina quando entrava no banheiro, para me certificar que não havia ninguém morto em estado de putrefação lá dentro.
Só que os anos se passaram e eu, já não lembrava mais o nome do filme. Quando eu tinha 15 anos, uma nova versão saiu e eu, que já naquela época gostava de ver filmes de terror, aluguei (lembro que eram duas fitas) sem relacionar uma coisa a outra. Coloquei o filme e, mesmo com as imensas diferenças, me veio a mente o nome do filme que eu tanto tentava rever: "O Iluminado".
Essa casa ficava do lado da videolocadora - literalmente ao lado. Várias vezes minha mãe, brava por algum motivo, me dizia pra não por os pés na rua e eu, pra sacanear, ia pra locadora sem colocar os pés na calçada, apenas pulando da porta de casa, pra porta do estabelecimento - e quando ela reclamava eu respondia: "Mas não coloquei o pé na rua!", riamos e eu escapava da bronca. Lá na locadora eu perguntei sobre outra versão de "O Iluminado" e a moça da loja me mostrou o de Stanley Kubrick.
O filme de 1997 é, sem sombra de dúvida, mais fiel à obra de Stephen King (livro que só fui ler aos 18 anos, quando o encontrei em um sebo). Porém, a tensão do filme de Kubrick é insuperável.
Muitos dos fãs de King não gostam do filme de Kubrick, principalmente por ele resumir a história e focar muito mais no problema piscológico que afeta Jack no que na força sobrenatural. Eu concordo, porém gosto muito mais do filme deKubrick que do livro de King.
O filme tem problemas: sim. Na minha opinião o maior deles é a atuação de Shelley Duvall como a esposa de Jack. Primeiro, porque quem é da minha idade, certamente olha pra ela e se lembra da Olívia Palito (filme também de 1980 que ela fez... com o Robbin Willians como Poppey!). Sua atuação não nos agrada e, confesso, depois de ver esse filme várias vezes, torço pra que Jack dê uma machadada na sua cabeça. Consta que até mesmo o diretor teve problemas com ela, chegando a gravar uma mesma cena 100 vezes para conseguir o efeito que queria.
Uma coisa bacana, pra mim, é o como o diretor fez para trabalhar com o pequeno Danny (Danny Lloyd), de 5 anos na época. Consta que o menino não soube (pelo menos até o filme estrear) que estava rodando um filme de terror! Que imaginação, heim!


Titulo original: (The Shining)
Lançamento: 1980 (EUA)
Direção: Stanley Kubrick 


O filme começa mostrando as belas montanhas ao som de Berlioz, e o fusquinha amarelo subindo até o grande Overlook. Jack Torrance é contratado para ficar como zelador do hotel, nas montanhas do Colorado, durante o rigoroso inverno, quando a neve o deixava isolado. Alguém precisava ficar por lá para a manutenção. Como Jack queria escrever um livro, pensou que essa poderia ser uma boa oportunidade para ter paz e conseguir escrevê-lo.  O gerente do hotel conta pra ele o que tinha acontecido, anos antes, com um zelador, afim de alertá-lo sobre os problemas de permanecer tanto tempo isolado nas montanhas. Mesmo assim ele vai pra lá com sua esposa e seu filho pequeno (que tem um amigo imaginário chamado Tony - que é seu dedo indicador).
Quando eles chegam ao hotel, o cozinheiro Dick Halloran percebe que Danny é especial, é um iluminado (que consegue ver coisas e pode ter poderes sobrenaturais, como o de se comunicar com a força do pensamento... como o próprio cozinheiro podia). Danny comenta com o cozinheiro sobre as visões que teve antes mesmo de chegar ao hotel e ele o diz que algo terrível aconteceu naquele hotel e que era preciso ficar longe do quarto 237 (no livro, o número é 217. Dizem que a mudança aconteceu a pedido do dono do hotel que serviu de cenário para o filme, que tinha medo que os hospedes ficassem com medo e não quisessem mais o quarto 217. O quarto 237 não existe no hotel verdadeiro).
O isolamento começa a causar sérios problemas mentais em Jack e ele vai se tornando cada vez mais agressivo e perigoso... enquanto isso seu filho, andando de triciclo pelos corredores, tem a visão de duas meninas de vestidinho azul. Elas aparecem normais e depois assassinadas. Danny não conta pra ninguém o que viu. Um dia, ao brincar com carrinhos, uma bola rola em sua direção - parece ter vindo justo do quarto 237, o proibido. Ele, curioso, decide ir até lá. Depois disso as coisas vão ficando cada vez piores. Uma mulher na banheira do quarto 237 agarra o pescoço de Danny... Wendy acha que foi Jack e passa a persegui-lo com um taco de beisebol. Jack descobre o salão de baile e lá no bar encontra personagens da história do hotel, entre eles, Grady, que Jack relaciona com o antigo zelador que matou a família (só uma curiosidade, o nome que o gerente do hotel fala pra ele é Charles Grady... e o homem do bar, que o ajuda e o dá dicas, é Delbert Grady. Seriam a mesma pessoa?).
As coisas saem do controle e Jack passa a perseguir a família com um machado.


Esse não é um filme repleto de sangue ou sustos, ainda assim nos deixa grudados na poltrona, tensos. A mistura que o diretor faz com o problema psicológico do isolamento com os elementos sobrenaturais (que no livro pendem mais para o lado sobrenatural, diferente do filme que é bem mais psicológico) nos faz pensar muito mais na história: poderiamos fazer o mesmo? Como deve ser assustador para uma criança ter que fugir do próprio pai, aquele que deve protegê-la?
Nossa... a cena do labirinto é incrível... dá muita agonia ver o pequeno Danny fazendo o possível para apagar suas pegadas e se esconder na moita gelada.
Se vale a pena ver esse filme? Sim e muito! E muitas vezes.
Pela direção, pela atuação de Jack Nicholson, pela trilha sonora, pela fotografia, pela tensão...

2 comentários:

Alice Maganin disse...

Taci! ainda bem que fez propaganda no facebook, caso contrário eu nunca ficaria sabendo que tem um blog =D
apesar de eu não assistir filmes de terror por medo, O Iluminado foi um dos quais eu tive que assistir, principalmente por ser do Kubrick ^^
Ri muito:a mãe do garotinho realmente parece a Olivia Palito!
anyway, parabéns pelo texto =]

Taciana disse...

Olá Alice, obrigada pela visita!