sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Hora do Pesadelo



Hoje fui assistir o novo “A Hora do Pesadelo”. Queria muito ver esse filme... Já fui muito fã de Freddy Krueger, vi todos os filmes várias vezes! Mas há muito tempo não os via. (Inclusive, pensei muito em vê-los esses dias, mas não tive tempo de procurá-los). Ainda assim fui ao cinema hoje, cheia de curiosidade e expectativa.
Logo no começo do filme tomei um baita susto. Não estava esperando... Confesso que achei que não seria surpreendida!
De maneira geral gostei do filme. Hoje em dia há muito mais tecnologia para realizar esse tipo de coisa e isso faz diferença. Porém, não gostei muito do Freddy. Pois é, justo dele... meu “ídolo de terror juvenil”. O antigo, Robert Englund, era muito melhor – ele tinha uma maquiagem “trash”, mas era irônico... Tinha um sorriso sarcástico que eu achava demais! Esse novo Freddy, Jackie Earle Haley, tem cara de mau. Ele não tem nada de cômico e, sua maquiagem não ficou legal... Ok, parece que ele está queimado! (Bem mais que o antigo, que como já disse, era meio mal feita!) Enfim, senti falta do sarcasmo... do jeito brincalhão.
Fora isso, gostei sim. Nessa versão eles colocam Freddy não mais como um assassino de crianças, mas como um pedófilo. Acho mais atual (ainda mais com todos esses escândalos atuais de pedofilia, envolvendo, sobretudo padres – pessoas que deveriam zelar pelas crianças – assim como o jardineiro da escola infantil). Nessa nova filmagem não há a caldeira onde Fredy queimava pistas... Mas mesmo nesse filme, nos sonhos, eles geralmente iam parar em um cenário que lembra caldeiras... muita fumaça, fogo, canos...
Algumas cenas do filme dos anos oitenta foram refilmadas nessa versão, como por exemplo, a cena da banheira, a cena da cama, o Freddy aparecendo na parede... Cenas memoráveis que gostei de ver na tela grande.
Acho que os mais jovens que não conhecem a história de Freddy Krueger vão gostar do filme. Tem susto, sangue, mistério (não pra nós que conhecemos a história)... A maioria dos filmes de terror atuais apela para os fantasmas orientais, ou então, para os loucos psicopatas... Fazia tempo (pelo menos pelo que eu tenha notado) que não apareciam “monstros” como Freddy.
Vou assistir o filme antigo e depois volto aqui pra falar mais... fazer uma análise comparativa. Por hora, deixo a dica: vale a pena SIM ver o novo “A Hora do Pesadelo”.

Só não vale ficar com medo de dormir!

(Olha o antigo Freddy... só pra comparar!)

domingo, 2 de maio de 2010

Hannibal Lecter, M.D.


Chega a ser complicado falar de Hannibal Lecter, meu vilão adorado. Ele já foi eleito pela BBC o maior vilão do cinema de todos os tempos e, na minha opinião, o que o faz tão famoso é que, apesar dele ser um monstro abominável, não conseguimos ter raiva dele (pelo menos eu não consigo).
O personagem é elegante, charmoso, culto e sabe usar as palavras como poucos. Apesar de nos ter sido apresentado em 1991 pelo filme “O silêncio dos inocentes”, ele nasceu pelas mãos do escritor americano Thomas Harris em 1981 com o livro “Red Dragon” (O Dragão Vermelho). O livro “The silence of the lambs” é de 1988. Em “O silêncio dos inocentes” conhecemos um Hannibal prisioneiro em um hospital psiquiátrico, condenado a prisão perpétua. Ele não é exatamente o vilão do filme, mas ajuda a encontrá-lo em suas conversas com a estudante da Academia do FBI Clarice Starling.
Sobre os filmes, o melhor na minha opinião é “O silêncio dos inocentes”. A atuação de Hopkins é primorosa. Seus olhares, seu jeito de falar... Gosto de todos os filmes (o mais fraco é, sem dúvida, o último “Hannibal, a origem do mal”. Não gosto muito do menino que faz Hannibal jovem... e aquele furo estranho que ele tem na bochecha me irrita! Hehehehehe!)
Eu que sou um tanto conservadora para cronologia dos fatos, teria gostado muito mais se conhecessemos mais aquele canibal no primeiro filme; o ideal teria sido que o conhecessemos com “O Dragão Vermelho”, que só foi lançado nos cinemas em 2002. Mesmo “Hannibal” que encerra a história foi lançado antes, em 2001. Ou seja, pra fazer uma análise do personagem é preciso ler os livros (é possível encontrá-los traduzidos pro português em algumas livrarias) ou então ver os quatro filmes (creio que essa sequência pode cooperar:

HANNIBAL, A ORIGEM DO MAL
titulo original: (Hannibal Rising)
lançamento: 2007 (França) (EUA) (Inglaterra)
direção: Peter Webber

DRAGÃO VERMELHO
titulo original: (Red Dragon)
lançamento: 2002 (EUA)
direção: Brett Ratner

O SILÊNCIO DOS INOCENTES
titulo original: (The Silence of the Lambs)
lançamento: 1991 (EUA)
direção: Jonathan Demme

HANNIBAL
titulo original: (Hannibal)
lançamento: 2001 (EUA)
direção: Ridley Scott

Hannibal Lecter nasceu na Lituânia e era filho de uma família rica (eles viviam em um castelo). A região que vivia foi devastada durante a segunda guerra mundial por causa dos ataques dos nazistas aos russos. Sua família resolve sair de casa e se refugiar em uma cabana, porém o local foi palco de uma briga entre nazistas e russos, e isso matou os pais do pequeno Hannibal, deixando somente ele e sua irmãzinha Mischa. Os dois estavam escondidos ali no meio da floresta, na cabana, em condições precárias e, se não bastasse tudo o que já tinham passado, alguns saqueadores que tinham trabalhado pros nazistas ocupam a cabana. Como não tinham o que comer, os homens matam Mischa e a comem (no sentido gustativo e mastigatório da palavra). Hannibal vê tudo aquilo e não consegui salvar a irmãzinha. A cabana é bombardeada e os homens fogem, deixando o menino pra trás. Ele consegue sair da casa e é encontrado por soldados russos. Hannibal passa a viver em um orfanato que, ironicamente, fica no castelo que, anos antes, era sua casa. O jovem Hannibal é atormentado pelas visões do que tinha acontecido na cabana e gritava, em seus pesadelos, o nome da irmã Mischa. Como já não suportava mais a situação no orfanato, resolve partir. Vai até a França em busca de um tio que ainda poderia estar vivo. Ao chegar na casa do tio descobre que ele também tinha morrido. Restava apenas sua tia e esta o acolhe. Vão morar em Paris onde Hannibal estuda medicina. Era um aluno aplicado que conseguiu trabalho na universidade cuidando dos corpos que seriam usados nas aulas de anatomia. Se transforma em um rapaz gentil, educado e culto.
Apesar de seguir sua vida, Hannibal não consegue esquecer o passado e resolve sair a procura dos homens que fizeram aquilo com Mischa. Para isso retorna até a Lituânia, à cabana onde tudo tinha acontecido. Lá encontra pistas que o levariam até os canibais. Sai à caça deles para ter sua vingança. Não se satisfaz apenas em matá-los, precisa sentir o gosto da carne, do sangue.
Aqueles homens atormentaram tanto a alma do pequeno garoto que o transformaram em um monstro. Eles o tinham feito comer uma sopa feita com a carne de Mischa... e isso o tinha traumatizado. Ver a irmã morrer para ser comida por um bando de bandidos e, pra não morrer, ter também comido parte dela, mudariam pra sempre a vida de Hannibal.
O último canibal estava no Canadá, o que o fez viajar para a América. Depois de tê-lo encontrado, Hannibal continua sua vida. Continua sendo um médico gentil, educado e culto. Torna-se doutor em psiquiatria. Um grande entendedor da mente humana que trabalha para analisar a mente de assassinos em Maryland e Virginia.
Provavelmente, sua primeira vítima depois de ter conseguido sua vingança foi Mason Verger, um de seus pacientes. Eles se aproximam e Lecter o sugere que se autoflagele – Mason tinha vários problemas por ser homossexual. Ele ouve os conselhos malucos do Dr Lecter e faz várias feridas em seu rosto (chegando a arrancar partes da carne). Hannibal o fere mortalmente, porém Mason Verger sobrevive ficando tetraplégico e com a face deformada.
Dr Hannibal Lecter continua sendo um médico respeitado e cheio de amigos influentes. Mas continua matando pessoas, agora, muito mais pelo simples prazer de degustá-las. O mais interessante é que, como é cheio de amigos importante, frequentemente serve seus convidados com iguarias extraordinárias (carne humana) e todos se deleitam sem saber o que realmente estão comendo.
Como continua colaborando com o FBI na elaboração de perfis psicológicos criminais, Dr Lecter conhece o agente especial William Graham. Graham está investigando um assassino serial que, tudo indica, come a carne das vítimas. O jovem investigador descobre que o assassino em questão é o seu “amigo” Hannibal Lecter. Dr Lecter também descobre que Graham sabe de tudo e decide matá-lo, porém, o investigador sobrevive. Dr Hannibal Lecter finalmente vai para a prisão. Por todos os crimes que cometeu, foi julgado a nove prisões perpétuas. (Bastava uma! Hehehehehe!)
Porém um novo serial killer aparece no pedaço: o “Fada dos dentes”. Como a polícia não consegue encontrar o bandido, pedem ajuda para o agente Willian Graham que estava aposentado desde o ocorrido com Dr Lecter. Ele procura o antigo “amigo” Hannibal e este, mais uma vez o ajuda a encontrar o caminho para o assassino.
Este acontecimento faz com que mais um agente procure o “doutor canibal”, na verdade uma jovem agente, ainda estudante da academia de polícia do FBI: Clarice Starling. A jovem tenta fazer o perfil psicológico de um assassino de mulheres, o Buffalo Bill. Mais uma vez, com seus jogos psicológicos, Dr Lecter consegue fazer com que cheguem ao criminoso. Mas dessa vez, Hannibal tem um plano para conseguir escapar da cadeia. A última vítima (ainda viva) de Buffalo Bill é a filha de uma importante senadora americana: pronto, decide fazer um acordo: informações por uma transferência. Aproveita de todo o circo que montam para sua transferência para conseguir escapar, não sem antes matar algumas pessoas (incluindo ai uma obra de arte, homenagem a Francis Bacon – que ele faz com o corpo de um dos guardas!).
Ele consegue escapar e vai atrás do diretor do hospital-presídio, que está de férias.
O tempo passa, Hannibal Lecter entra para a lista dos dez mais procurados do FBI, porém, ninguém o encontra.
Ele passa a viver na Itália, em Florença. Cria uma identidade falsa e consegue se infiltrar na sociedade florentina. Passa, inclusive a ser respeitado por ser um homem incrivelmente culto. Porém não permanece tanto tempo no anonimato. Uma antiga vítima sua, Mason Verger, não agüenta mais esperar sua vingança e resolve comprar policiais do FBI para ajudá-lo na captura de Hannibal. Através de uma carta que Dr Lecter mandou para Clarice Starling, conseguem localizá-lo.
Dr Lecter então sai do anonimato e, de maneira “sublime”, retoma seus assassinatos, até, por fim, conseguir se livrar definitivamente de Mason (indiretamente, mais uma vez) e fugir.


O que nos faz temer Hannibal Lecter? Será que é seu instinto canibal ou o fato dele ser um psicopata? Ele não reage emocionalmente. No filme “A origem do mal” ele consegue passar por um detector de mentiras na boa, sem nenhum esforço. O modo como mata suas vítimas, sempre tão tranqüilo... como se aquilo fosse normal e belo. Pode existir beleza na morte e no sangue (acabei de me lembrar do filme “Beleza americana” e daquele rapaz que filmava tudo o que via... sua reação quando vê o protagonista morto... o sangue escorrendo). O que acontece de fato é a atração que temos por Hannibal Lecter – claro que isso é “culpa” do excelente trabalho do ator Anthony Hopkins (que lhe rendeu, inclusive, um Oscar pelo papel em “O silêncio dos inocentes”).
Que vilão adorável!
Penso que admiramos os bons vilões. Conseguimos enxergar suas qualidades (mesmo que elas sejam moralmente erradas). Por exemplo, mesmo considerando Hitler um monstro, não deixamos de admirar o seu poder de persuasão. Pra mim, os dois “melhores” crimes de Hannibal são os que ele não faz com as próprias mãos, mas com suas palavras: o do idiota que estava preso no mesmo corredor que ele (o que fala para a agente Starling que consegue sentir o cheiro de sua “boceta”) – que, por sugestão de Hannibal engole a própria língua e, o do homossexual Mason Verger, que se auto-flagela (em uma cena linda – ok, gore... mas linda!).
Hannibal Lecter é um misto de canibal, vampiro e “Dom Juan” (apesar de ser um psicopata, e não “comer” ninguém – no sentido sexual da coisa – não podemos negar seu charme! Ele é muito sedutor).
Esse é o pior vilão... não conseguimos perceber que somos vítimas – até que a lâmina esteja cortando nossa carne. É diferente de um monstro feioso que usa máscara ou que tem o rosto deformado... Assim que o olhamos sabemos que são “do mal”... Mas, se encontrássemos Hannibal em uma sala de concerto, em uma galeria de arte ou em uma bela praça da Europa, não saberíamos. E existem Hannibals por aí. Aos montes. A história desse vilão, conforme nos mostrou seu “pai”, o escritor Thomas Harris, começou com um trauma de infância, como a de muitos malucos por ai. É fato que a maioria das pessoas que se envolvem em crimes tiveram uma infância conturbada... Muitos pedófilos, foram abusados sexualmente quando crianças... Há exceções? Claro. Mas, pelo jeito, não é o caso de Hannibal. Ele é um coitado que morreu em 1944 junto com Mischa. O que restou foi só o monstro, só a casca, só o apaixonante vilão.
Nos quatro filmes temos cenas primorosas, que eu gosto muito. Pequenos detalhes... Por exemplo, a refeição que Lecter faz depois de matar os dois policiais em “O silêncio dos inocentes”, come enquanto saboreia uma boa música... O jantar no começo de “Dragão Vermelho”, a cena da ópera em “Hannibal”... Também gosto muito de ouvir Hopkins dizer, pela boca de seu personagem: “Hello, Clarice!”...
Já está longo demais este post, portanto gostaria de terminar dizendo a quem não viu os filmes que os veja... todos os quatro. Se viu somente um deles, veja os outros. São esteticamente diferentes, cada um com uma pitada do diretor.
Não é uma série que provoca sustos nos espectadores. Aos muito fracos talvez provoque náuseas! Hehehehe!
É isso. Certamente não consegui dizer tudo o que queria. Tentei.